O amor foi arrancado a facadas de seu peito por
aquele a quem ela o entregara. A dor vivida foi esmagadora. Viveu a escuridão,
o medo, o vazio de uma inexistência medicada por psiquiatras. Trancou as
janelas e a porta da vida. Teve tanto medo que um dia se matou.
Ficou morta por exatos cinco dias e para seu próprio
espanto acordou. Mas quem morreu naquele ato desesperado foi o medo, o vazio, a
escuridão e junto com eles o laudo do psiquiatra. Percebeu que não adiantaria
chorar nunca seria ouvida, que lágrimas não constroem história.
Sacudiu a poeira, voltou a sentir o vento no rosto, a
enxergar as cores vivas e redescobriu a liberdade. Abriu as janelas e
transformou a dor em palavras, retirou os medos com precisão cirúrgica,
transformou cada um em versos e estrofes. Sua janela escancarada foi mostrada a
todos, foi fotografada e festejada. Enterrava ali o amor assassinado. As
janelas continuarão abertas, pois fechá-las é aprisionar-se novamente e agora
já não pode viver sem o sol.
Nenhum comentário:
Postar um comentário