segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Namorar, sob os céus de São Paulo


Sob o céu da cidade os namorados se encontram em noites enluaradas, chuvosas ou frias. Para os namorados não importa como está o céu, não importa nem mesmo como está a cidade. O caos pode ter tomado conta, o congestionamento batido o recorde do ano. Podem estar no metrô, em plena Estação às 18h que nada os separa. Se estão nas Marginais, o congestionamento é tempo a mais para beijos e abraços.
Pode haver manifestações na Paulista, jogo do Corinthians ou mesmo Virada Cultural, que nada será importante. A programação significará mais tempo juntos, ou separados. Podem estar sob o céu acinzentado no Parque Ibirapuera, sob as estrelas no Pico do Jaraguá ou sob o céu refletido nas águas da Guarapiranga, mas o único brilho que verão será o dos olhos um do outro. Podem até mesmo não ver céu nenhum escondidos em alguma cadeira do Teatro Municipal, ou nos corredores do MASP, e mesmo ali não verão Renoir ou Pablo Picasso, passarão pelos corredores, do Barroco ao Contemporâneo, sem notar as cores, texturas ou pinceladas das obras. Aos namorados obras não são importantes, podem ser obras de arte, obras civis, ou mesmo obras literárias, a verdadeira arte que querem é a de estarem juntos admirando-se mutuamente.
Contam os minutos que estão longe, agradecendo a Einstein por compreendê-los. Cada segundo é uma década a separá-los e juntos horas tornam-se segundos. Amam-se a casa momento compreendendo que o amanhã pode não vir, que o agora é o que realmente importa.
Os namorados encontram-se sob o céu chuvoso, molhados e friorentos, e estarão felizes, radiantes como em qualquer dia primaveril. Encontram-se na Paulista, na Luz ou na Vila Madalena. Não importa o clima ou o lugar, só vêem apenas um ao outro, suas cores, suas texturas, seus sorrisos.
Andam entre obras, sob a chuva, ou sob o sol. Se há frio aquecem-se com o calor de seus corpos. Se há barulho, ouvem apenas o som de suas vozes. Conversam sobre tudo e sobre o nada, pois querem apenas ouvir-se, verem-se. O assunto será sempre o mesmo, o que sentem um pelo outro
Aos namorados importa estarem juntos, enamorados, apaixonados. Amantes de si mesmos, acham-se entre os edifícios, nos corredores dos shoppings, nas multidões de shows. Percebem-se a distâncias enormes apenas pelo contorno, tão seu, tão familiar e amado. Acham-se pelo cheiro mesmo entre milhares, pois é único o cheiro que ama e que procura.
Namorados encontram-se sob os céus de São Paulo todos os dias...

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